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domingo, 23 de dezembro de 2012

A Regressão do Demoliberalismo




No período após-guerra, a Europa encontrava-se numa situação extremamente difícil, tanto a nível económico como a nível social. Porem, o principal problema continuava a ser a grande situação económica que se mantinha firme e não permitia o desenvolvimento dos países europeus.
   Inúmeras greves e manifestações eram organizadas pelos operários europeus, que se baseavam no sistema predominante na Rússia, e que achavam que os países deveriam seguir para um melhor funcionamento da sociedade. Mesmo havendo países europeus, onde predominava o capitalismo, que estavam contra a Rússia e contra o seu sistema, esta segunda potência nascente continuava a querer expandir o comunismo por todo o mundo, ou seja, mais especificamente estes pretendiam com que nascessem revoluções socialistas no território Europeu.
   Os partidos socialistas e sociais-democratas da Europa, que quisessem seguir o mesmo rumo que o Partido Comunista na Rússia, eram obrigados a libertarem-se das tendências reformistas-revisionistas, anarquistas e pequeno-burguesas, e deviam apoiar o bolchevismo e o centralismo democrático. Só desta maneira estes partidos poderiam vir a ter o nome de partidos comunistas. 
   Devido a estes acontecimentos, em todos os países europeus, se não todos, a maioria sofreu alterações a nível social e politico. Na Alemanha surgem uma espécie de "sovietes". Surge um movimento Espartaquista (Espartaquismo). Este movimento pretendia derrubar a democracia e impor uma República Socialista que mais tarde deu origem ao Partido Comunista Alemão.
   Em Itália, os camponeses ocuparam as terras e os operários ocuparam as fabricas. Na Áustria, havia violentos conflitos entre os operários e os camponeses mais conservadores. Na Hungria, chega-se a formar uma República dos Concelhos (Comuna), que durou 6 meses e foi esmagada com ajuda de pressões externas (estrangeiras). Na frança e Grã-Bretanha, também assistiram ao mesmo cenário. 
  Uma solução prevista para a resolução deste problema a nível de todo o território europeu foi a recorrência ao autoritarismo. Para  a burguesia financeira, e mesmo para os pequeno-burgueses e classes médias, que estavam afetados pela enorme inflação que lhes roubava o poder de compra, a instalação do regime autoritário era a única saída para o melhoramento da economia nacional, para a paz e dignidade do país e do povo.
  A democracia estava em crise e foi assim que surgiram os primeiros movimentos autoritários, conservadores e nacionalistas, principalmente onde a democracia liberal não dispunha de bases suficientemente fortes.

Itália
Primeiro país a instaurar um regime autoritário (ditatorial). Está relacionado com a crise após 1º Guerra Mundial. Após a 1º Guerra, Itália atravessou uma crise económica, financeira e moral. Moral porque, se sentiam humilhados pois o seu nacionalismo estava ferido. "Vitória Mutilada” apesar de serem um país vencedor não teve vantagens com isso. 
A população saiu para a rua em protesto, revoltas de camponeses, operários, que levam a grandes greves. Deste modo, Itália encontra-se à beira da guerra civil.
   Em 1919, foi criado um novo partido fundado por Benito Mussolini, Partido Nacional Fascista. Defende a repressão através das  milícias militares «Camisas Negras». Defende um governo forte que imponha respeito. Pretendia recuperar Itália a nível económico e politico.
   Este regime agrada a um setor elevado da população, então Mussolini exige que o poder lhe seja entregue caso contrario com as Camisas Negras vai tomar o poder à força. 
Preocupado com a situação e com interesses, o rei Vítor Manuel III convidou Mussolini para formar governo (1922). Inicialmente Mussolini respeitou todos os partidos. Mais tarde sente a necessidade de ser legitimado pelo povo, deste modo em 1924convoca eleições e ganha por maioria absoluta, pois utiliza todas as fraudes eleitorais, e quem o denunciava era assassinado. Assume o poder executivo e legislativo, extingue todos os partidos e cria uma polícia politica.  

Discursso de Benito Mussolini - legendado 


A Era Fascista - os 20 anos da ditadura contados através dos discursos de Mussolini - Vídeo 1




A Era Fascista - os 20 anos da ditadura contados através dos discursos de Mussolini - Vídeo 2



A Era Fascista - os 20 anos da ditadura contados através dos discursos de Mussolini - Vídeo 3



A Era Fascista - os 20 anos da ditadura contados através dos discursos de Mussolini - Vídeo 4



A Era Fascista - os 20 anos da ditadura contados através dos discursos de Mussolini - Vídeo 5



A Era Fascista - os 20 anos da ditadura contados através dos discursos de Mussolini - Vídeo 6 


Espanha

Entre 1923 e 1930, Espanha viveu  uma ditadura militar do general Miguel Primo de Rivera. A fim de acabar com o longo período de instabilidade social e politica na Espanha. Primo de Rivera suspendeu a constituição, dissolveu as cortes e suprimiu os partidos políticos.

Outros países seguiram a ditadura, tais como: Hungria, Bulgária, Turquia, Grécia, Portugal, Polonia, Lituânia, Jugoslávia, e Áustria (viveu um regime conservador e autoritário).

Ditadura de Primo de Rivera 1ªParte 



Ditadura de Primo de Rivera 2ªParte 



Alemanha
Ascensão do partido Nazi em 1920 por Adolfe Hitler, está relacionada com as consequências da 1º Guerra Mundial. A República de Weimar é acusada de cobardia por ter aceitado o tratado de Versalhes. Hitler vai-se aproveitar do colapso económico da Alemanha. Atribui a culpa a todos aqueles que ele queria como inimigos, governo e apoiantes aos Judeus e aos comunistas. O partido deixa de respeitar o Tratado de Versalhes e promete trabalho para toda a gente. 
   Em 1923, Hitler tenta um golpe de estado conhecido por «Putsch» em Munique, que falha e o condena á prisão durante 2 anos. Durante esse tempo de prisioneiro ele elabora a Bíblia do Nazismo «Mein Kampf (minha luta)»Em 1929 com a grande depressão o Partido Nazi cresce rapidamente. 

Documentário: 
Um documentário brilhante e imperdível. Cada segundo deste documentário é uma autêntica filmagem alemã, descoberta dos arquivos secretos da guarda de elite nazista e escondida pelo próprio Goebbels por serem muito fortes. MINHA LUTA criou um impacto internacional e foi aclamado como um dos mais incríveis documentos históricos. Criou turbilhões onde quer que tenha sido mostrado e arrancou entusiasmados aplausos e críticas. MINHA LUTA vai fundo na ascensão e queda do terceiro Reich e do gênio do mal que o criou. Durante o filme sempre surge a pergunta que vem atormentando as mentes e corações de todo o mundo:Como podem ter deixado isso acontecer?

Visão da era do caos « Mein Kampf» parte 1


Visão da era do caos « Mein Kampf» parte 2


Visão da era do caos « Mein Kampf» parte 3



Visão da era do caos « Mein Kampf» parte 4



Visão da era do caos « Mein Kampf» parte 5



sábado, 22 de dezembro de 2012

A implantação do marxismo-leninismo na Rússia: a construção do modelo soviético


 1917 o ano das Revoluções

A Rússia em 1917 estava em profunda crise política. Governado de forma autoritária pelo czar Nicolau II, o país sentia os efeitos de uma situação social deveras difícil e delicada.
   Descontentamento de largos sectores da população: camponeses, operários, burguesia e até a nobreza mais liberal. Motivos diversos e diferentes partidos e facções: miséria, concentração fundiária nas mãos da nobreza, salários baixos e miséria do proletariado, variadas razões para reclamar mudanças. Politicamente a oposição estava dividida entre:
  • facção dos socialistas revolucionários que reclamavam partilha de terras, apoiada pelos camponeses;
  • sociais democratas, divididos em bolcheviques mais extremistas (adeptos da via da ditadura do proletariado, da clandestinidade e acção directa) e mencheviques, moderados que consideravam necessária a existência de um partido de oposição no quadro do parlamentarismo;
  • constitucionais democratas adeptos do parlamentarismo ocidental.
Contexto da revolução: a situação de envolvimento da Rússia no conflito mundial levou a uma situação insustentável de crise social e económica agravada pelas perdas territoriais que puseram em causa a política de participação na guerra seguida pelo czar e seus apoiantes ocidentais. Fome, inflação, pobreza da maioria da população, derrotas militares e clima de descontentamento e desânimo.

Como diz Hannah Arendt: "... since the end of the First World War, we almost automatically expect that no government, and no state or form of government, will be strong enough to survive a defeat in war."
Hannah Arendt, On Revolution, Penguin Classics, 1991, pp. 5


  • Da Revolução de Fevereiro à Revolução de Outubro

A revolta das mulheres contra o aumento do preço do pão, acompanhada por revoltas e greves dos operários e dos soldados contra a guerra provocou a revolução de Fevereiro de 1917 na qual o Czar foi obrigado a renunciar ao poder deixando a Rússia nas mãos dos partidos politicamente mais activos. Ministros e generais foram presos.
   Os mencheviques e socialistas revolucionários asseguraram o controle do soviete de Petrogrado cujo chefe era o menchevique Tchkheidizé. Negociações entre os revolucionários e os constitucionais democratas conduziram ao poder o príncipe Lvov como chefe do governo provisório mas o clima conspirativo aumentou sob o impulso dos bolcheviques que conseguiram assegurar o controlo do soviete de Petrogrado no sentido de retirar o poder à burguesia e entregá-lo a um governo revolucionário.

Lvov e mais tarde Kerensky procuraram acalmar a situação e encaminhar o país no sentido do parlamentarismo ocidental mas o facto de não terem suspendido as acções militares e continuarem uma política pró-aliada fomentou um clima de revolta de rua numa estratégia revolucionária dirigida por Lenine entretanto regressado do exílio. Os sovietes, conselhos de operários, soldados e camponeses, controlados de início pelos mencheviques e socialistas revolucionários e mais tarde pelos bolcheviques formaram-se por toda a Rússia e tornaram-se a partir de Agosto de 1917, os pólos dinamizadores do movimento revolucionário.

As divergências entre bolcheviques, socialistas revolucionários e mencheviques levaram a um confronto de posições crescente ao longo desse ano de 1917. Lenine considerava que a fase burguesa não era necessária no caminho para atingir o socialismo. Nas teses de Abril, Lenine proclamava:
  • a recusa da guerra;
  • distribuição das terras, estatização dos bancos e fábricas;
  • entrega do poder aos sovietes.
O clima adensou-se. Os sovietes favoráveis aos bolcheviques foram perseguidos pelos governos provisórios. Os cossacos, entraram em Petrogrado e tentaram prender os bolcheviques mas estes defenderam a cidade e conseguiram manter o ímpeto revolucionário mesmo contra exércitos de cossacos. O governo provisório caiu e as populações tomaram progressivamente controlo dos campos e das fábricas. Os bolcheviques eram já maioritários nos sovietes de Petrogrado, Moscovo e Kiev. Os soldados desertaram da frente de combate permitindo às tropas alemãs e austríacas controlarem vastas regiões da Ucrânia e Rússia ocidental.

Em Outubro de 1917 o clima de sublevação transformou-se em movimento revolucionário orientado pelos sovietes bolcheviques e suas milícias, os Guardas Vermelhos, acabando por derrubar o governo provisório de Petrogrado. Na noite de 24 para 25 de Outubro (calendário Juliano) Petrogrado foi tomada pelos guardas vermelhos organizados por Trotsky, o couraçado Aurora disparou sobre o Palácio de Inverno sede do governo e o governo capitulou. Kerensky fugiu e os ministros foram presos.
   O II Congresso dos Sovietes entregou no mesmo dia o poder ao Conselho dos Comissários do Povo presidido por Lenine. Trotsky recebeu a pasta do exército e Estaline a pasta das nacionalidades.



  • Da democracia dos sovietes ao centralismo democrático


Revolução Russa Parte 1



Revolução Russa Parte 2




O governo revolucionário presidido por Lenine tomou controlo da situação e iniciou a publicação de decretos revolucionários que procuravam legalizar as reformas revolucionárias já iniciadas e instaurar a ditadura do proletariado:

  • Decreto sobre a paz - foi negociado o tratado de Brest Litovsk que permitiu um armistício antecipado com a Alemanha em condições muito desvantajosas pois a Rússia perdia grandes extensões de território. Esta paz separada provocou por sua vez o início do conflito com as ex-potências aliadas que invadiram os territórios da Rússia procurando combater a revolução e impedir a ocupação pelas tropas dos impérios centrais, dos territórios abandonados pelos Russos. Iniciou-se então a guerra civil.
  • Decreto sobre a terra - colectivização das terras e entrega das colheitas ao Estado. Fim da grande propriedade fundiária da Coroa, da Igreja e dos particulares, sem indemnizações.
  • Decreto sobre o controlo operário - colectivização das empresas, indústrias, minas, companhias de transportes, seguros, etc.
  • Decreto das nacionalidades - proclamação da Carta do Povo Russo que reconhecia o livre desenvolvimento das diferentes etnias e minorias nacionais, evitando a revolta e conflitualidades internas.
  • Decreto sobre a imprensa - liberdade de imprensa, reunião e associação.
  • 1ª Constituição Revolucionária - proclamando a Rússia como estado federal e multinacional, favorecendo o operariado e as suas reivindicações mas reservando o sufrágio directo e universal apenas para a constituição dos sovietes locais.
  • Reunião da 3ª Internacional comunista que propôs a união de todos os partidos comunistas numa única organização o Kominterncontrolado por Moscovo e que defendia o movimento internacionalista comunista numa via marxista - leninista. Este movimento acabou por afastar as facções socialistas democráticas discordantes da ditadura do proletariado. Formaram-se a partir de 1919 partidos comunistas por todo o mundo.


  • O Comunismo de Guerra face da ditadura do proletariado

Num quadro de ditadura do proletariado em que o Estado era controlado pelos proletários, era necessário assegurar a defesa da via comunista. Para isso Trotsky organizou o Exército Vermelho fazendo frente aos exércitos brancos dos países aliados e capitalistas, que invadiram a Rússia depois da Revolução. Emigrados e descontentes somaram-se aos exércitos brancos de invasores procurando aniquilar a revolução:
  • anarquistas ucranianos;
  • socialistas revolucionários;
  • dissidentes;
  • burgueses financeiros e homens de negócios;
  • Kulaks (proprietários de terras);
  • médios e pequenos camponeses descontentes.

A guerra provocou enormes sacrifícios  obrigando até 1921 a uma política fortemente centralizada e repressiva a nível interno, designada porComunismo de Guerra. Devido à guerra a constituição foi suspensa, a assembleia dos sovietes extinta bem como os partidos políticos e estabelecido o regime de partido único. Criada polícia política - a Tcheka - campos de concentração e censura que suspendeu o decreto sobre a imprensa.

Aspectos da ditadura do proletariado tiveram realização no período de guerra civil com o comunismo de guerra. Partindo da definição para Lenine, de proletariado (diferente da definição de Marx) o comunismo de guerra foi um período em que camponeses e operários, definidos como proletários, configuraram o regime comunista entregando ao Estado as colheitas.
   As medidas revolucionárias não foram aceites sem contestação. Piquetes de operários vigiavam a entrega de colheitas ao Estado. Nas cidades as fábricas tinham que trabalhar ao sábado e outros abusos dos direitos:
  • As empresas com mais de 5 operários foram nacionalizadas cabendo ao Estado a redistribuição dos recursos;
  • O trabalho tornou-se obrigatório dos 16 aos 50 anos;
  • foi prolongado o horário de trabalho e a indisciplina foi reprimida.

  • Centralismo democrático

Desde 1922, formou-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, estado federal e multiétnico reconhecido pela Carta dos Povos da Rússia.A formação de um estado tão heterogéneo a partir de um Império com as características do russo, reclamava uma organização fortemente centralizada. 

  • o povo votava nos seus representantes para os sovietes locais e regionais através de sufrágio universal;
  • os representantes dos sovietes tinham acesso ao congresso anual dos sovietes da Rússia;
  • O congresso dos sovietes designava um Comité Central Executivo (formado pelo Conselho de União e Conselho das Nacionalidades);
  • Os dois conselhos do Comité Central designavam os orgãos do poder ou governo: o Presidium e o Conselho de Comissários do Povo.

Entretanto a divulgação das teses de Lenine e da revolução por todo o mundo levaram à fundação da 3ª Internacional ou Komintern em Moscovo em 1919, organização chefiada por Zinoviev.


  • A Nova Política Económica (1921 a 1927)

Acabada a guerra foi necessário reconstruir a União, porque:
  • a população reduzira-se em 8%;
  • as cidades estavam despovoadas;
  • campos devastados e fábricas destruidas;
  • transportes parados;
  • baixa produção industrial;
  • baixa produção agrícola porque os camponeses apenas produziam o necessário para a sobrevivência das famílias;
  • produção de cereais desceu para metade da de 1913;
  • Minas de hulha estavam inutilizadas;
  • caminhos de ferro paralisados;
  • redução drástica da produção industrial.
Procurando retirar o país da ruína em que se encontrava, foi adoptada uma política de reconstrução designada por NEP, Nova Política Económica, a partir de 1921. A ideia principal era aumentar a produção. Foram tomadas medidas para:
  • recuperação da agricultura;
  • desenvolvimento e modernização da indústria;
  • reactivadas medidas de carácter capitalista para estimular a produção através da concorrência, no pequeno comércio, artesanato e agricultura;
  • suspensas as medidas de colectivização agrária;
  • suprimidas as requisições agrícolas substituídas por imposto em géneros e depois em dinheiro;
  • liberdade de comércio; 
  • desnacionalização das empresas industriais com menos de 20 operários;
  • Arrendamento de fábricas a sociedades e particulares;
  • Abertas concessões a empresas estrangeiras.
O Estado ao mesmo tempo tomou medidas para desenvolvimento das empresas na sua dependência:
  • contratou técnicos estrangeiros;
  • reintegrou técnicos do tempo do czar;
  • investiu em grandes fábricas criando grandes concentrações industriais;
  • desenvolveu cooperativas agrícolas;
  • promoveu o investimento estrangeiro;
  • instituíram-se prémios de produção;
  • construiram-se barragens e centrais hidroeléctricas.
As medidas tomadas fizeram de novo crescer uma classe média de intermediários, Kulaks (camponeses médios) e nepmen (comerciantes) que detinham riqueza cada vez maior gerando oposição e crítica dentro do partido.

A morte de Lenine em 1924 veio colocar em dúvida o regime que sofreu até 1927 os efeitos de uma feroz luta política pelo poder entre Estaline e Trotsky. Estaline mais feroz e determinado acabou por vencer esta contenda e Trotsky viu-se obrigado a fugir da U.R.S.S.


Questão para casa 


Perante as medidas tomadas após a Revolução Soviética, explica  a configuração ideológica do estado soviético pós-revolucionário. Elabora a tua resposta com referências e transcrições a algumas das medidas tomadas (doc. 15).

Resposta:

Após a revolução de Outubro, o Conselho dos Comissários do Povo procurou lançar as bases de um estado comunista de acordo com as teses propostas por Marx e reformuladas por Lenine. Com o decreto sobre a terra que abolia sem indemnização a grande propriedade entregando-a aos camponeses, o Estado retirava aos grandes proprietários o controle sobre a produção agrícola e a propriedade fundiária (artigo 1) "A propriedade dos proprietários fundiários sobre a terra é abolida imediatamente sem qualquer indemnização". Também o decreto sobre o controlo operário dava aos operários o controlo sobre as instalações industriais e sobre a produção fabril retirando esse controlo aos grandes industriais e empresas internacionais que explorava a economia russa. O decreto sobre a paz, retirando a Rússia da guerra procurava responder aos anseios das classes proletárias e dos soldados e marinheiros, principal sustentáculo do novo regime soviético: "A paz justa e democrática, desejada pela esmagadora maioria das classes trabalhadoras..."
   As medidas tomadas pretendiam atribuir às classes proletárias de que faziam parte não só operários mas também os camponeses, segundo Lenine, o controlo sobre o Estado saído da Revolução. O objectivo era retirar à burguesia o controlo sobre os meios de produção e desta forma avançar no sentido da instauração de uma ditadura do proletariado. O Estado soviético tornou-se o representante exclusivo e legítimo do proletariado que desta forma passou a deter o controlo de todo o estado russo. Toda a economia foi nacionalizada o que estava de acordo com as propostas de Marx e todos os sectores económicos da indústria e comércio passaram para o controlo dos operários e camponeses realizando-se assim a ditadura do proletariado.


Um novo equilíbrio global


 O final da 1ª Grande Guerra trouxe grandes mudanças no equilíbrio de poderes internacional. A Alemanha saía destroçada e vencida e a Inglaterra e a França, potências vencedoras do conflito, enfrentavam a dura tarefa da reconstrução económica. Apesar de afectados pelo conflito os E.U.A. tornavam-se então a grande potência mundial.
   Na Conferência de Paz iniciada em Janeiro de 1919 em Paris, com o intuito de negociar e impor aos países vencidos condições e indemnizações, estiveram presentes apenas os países vencedores, entre os quais Portugal. Destaca-se a Mensagem dos 14 pontos ao Congresso dos E.U.A. apresentada pelo presidente Wilson ao Congresso serviu de base às negociações pondo em discussão um conjunto de princípios de diplomacia internacional que aliás serviriam também como agenda trabalho da Conferência de Paz e  fundamento da Sociedade das Nações (S.D.N.).

   Das discussões ocorridas entre os países vencedores da guerra na Conferência de Paz resultaram tratados de paz entre países vencedores e países vencidos:

  • Tratado de Versalhes entre os aliados e a Alemanha;
  • Tratado de Saint Germain entre os países aliados e a nova república da Áustria;
  • Tratado de Sèvres entre os aliados e a Turquia;
  • Tratado de Trianon entre os aliados e a nova república da Hungria;
  • Tratado de Neuilly entre os aliados e a Bulgária.


  • Triunfo das nacionalidades e da democracia

Os tratados conduziram a uma reorganização do mapa político da Europa e de algumas regiões de África e da Ásia.

Depois do desaparecimento do império russo desapareceram também os grandes impérios centrais da Europa, a Alemanha, Austro-Hungria e Império Turco surgindo em vez deles diversos novos pequenos estados dando prosseguimento ao princípio das nacionalidades defendido pelos políticos liberais desde o século XIX.

Surgiram assim na Europa no final do conflito a Finlândia, Estónia, Letónia, Lituania, Polónia, Checoslováquia, Jugoslávia e Hungria, na Ásia, a Arábia, Curdistão, Arménia, territórios sob mandato da SDN, a Síria, Líbano, Mesopotâmia e Palestina.

A França recuperou a Alsácia-Lorena, a Bélgica ganhou os cantões de Eupen e Malmedy, a Itália recebeu o Tirol e a Istria, a Dinamarca recuperou o norte de Schleswig, a Roménia recebeu a Transilvania e a Bessarábia enquanto a Grécia recebeu a Trácia da Bulgária.

A Alemanha era no entanto a potência mais afectada. Além da perda de territórios na África e Ásia perdia também o seu enorme poder militar (ler texto doc 3 pág 15).

Entre os alemães o sentimento de vingança desenvolveu-se ao longo dos anos tendo como principal alvo a França, considerada responsável pelas duras condições de derrota impostas pelos aliados, o Diktat.

Hitler na sua obra Mein Kampf dá voz a sentimentos revanchistas contra franceses e judeus ao afirmar:
"O sonho da França é e sempre será impedir a formação de um poder sólido na Alemanha, conservando um sistema de pequenos Estados com forças equilibradas e sem uma direcção uniforme, com a ocupação da margem esquerda do Reno para assegurar a sua hegemonia na Europa." e mais adiante, "... assim o judeu é hoje o grande instigador do completo aniquilamento da Alemanha. Todos os ataques contra a Alemanha, no mundo inteiro, são da autoria de judeus."


As perdas da Alemanha foram enormes:

  • Perda dos territórios coloniais;
  • Separação da Prússia Oriental do território alemão através do corredor de Danzig, cidade polaca enclave polaco sob a protecção da Sociedade das Nações;
  • Devolução dos territórios da Alsácia e Lorena à França, Eupen e Malmedy à Bélgica, diversas regiões alemãs integradas na Polónia, Checoslováquia e Dinamarca;
  • Perda de grande parte da frota mercante;
  • Ocupação pela França das minas do Sarre e da Renânia;
  • Pagamento de indemnizações de guerra;
  • Desmilitarização da Alemanha com perda de grande parte do exército e da infantaria além da frota naval e aviação de combate;
  • Desmilitarização da margem direita e esquerda do Reno com ocupação das regiões de fronteira com a França, por exércitos deste país.


  • Sociedade das Nações (S.D.N.)

Durante os trabalhos da Conferência de Paz os países vencedores do conflito sob proposta do presidente Wilson dos E.U.A., decidiram a criação de uma organização mundial que propunha a resolução dos conflitos pela via pacífica. Antecessora da O.N.U., na S.D.N. existiam vários organismos como o Tribunal Internacional de Justiça, o Banco Internacional, a Organização Internacional do Trabalho e algumas outras que procuravam dar seguimento aos objectivos propostos pela organização.

Vários problemas acabaram por limitar o alcance de intervenção da S.D.N. dificultando a sua missão e retirando-lhe eficácia:
  • Os países vencidos pela guerra como a Alemanha não faziam parte da organização ealguns dos vencedores como Portugal ou a Itália não se mostraram satisfeitos com as reparações pagas pelos países agressores;
  • Isolacionismo dos E.U.A;
  • Regulamentação das fronteiras e a satisfação das reivindicações das minorias nacionais, muito criticada nos países vencidos criando animosidades e oposição às condições dos tratados de paz. O Diktat de Versalhes foi por exemplo muito criticado pelos alemães;
  • As relações estabelecidas entre a Alemanha e alguns dos países vencedores da guerra dificultaram a tomada de posições contra as manobras e actividades belicistas de Hitler ao longo dos anos 30.
Os constrangimentos da política interna e externa dos E.U.A. levantada pelo lamentável estado dos países europeus e pela questão das reparações de guerra fez com que a S.D.N. perdesse grande parte da sua credibilidade e margem de manobra.

  A situação da Europa no pós-guerra era muito difícil, destruição, quebra demográfica, inflação galopante e desvalorizações monetárias acentuadas.



  • E.U.A. 

A guerra permitiu grande prosperidade aos Estados Unidos da América. No entanto sentiu os efeitos críticos de um período de excesso de produção mas a economia conseguiu recuperar através da adopção generalizada do novo modelo de produção industrial, da concentração monopolista de empresas beneficiando ainda do relançamento da economia europeia. Também a adopção pelos países europeus do Gold Exchange Standard permitiu a reanimação do comércio internacional. Os E.U.A. tornaram-se o grande financiador das economias europeias nomeadamente a alemã permitindo-lhe o pagamento das reparações e indemnizações que eram devidas ao Reino Unido e à França. 

Introdução - A Europa e o mundo no início do século XX


Império Alemão

   A Confederação Germânica fundada em 1815 pelo Congresso de Viena era um grande estado reunindo vários territórios autónomos. Era formada por 39 estados soberanos entre os quais o império austríaco, o estado prussiano e muitos ducados, principados e cidades livres.
O soberano desta confederação era o imperador austríaco e a Áustria procurava ter ascendente sobre os territórios alemães. Os desejos de unificação dividiam-se porém entre os adeptos da chefia prussiana ou da austríaca. A Prússia desejava a supremacia política sobre a região tendo-se desenvolvido bastante do ponto de vista económico e cultural,  armamento, comunicações, indústria, ensino universitário etc.

   Em 1828, a Prússia iniciou uma união aduaneira com vários estados pequenos no sentido de desenvolver as relações económicas, o Zollverein sem barreiras alfandegárias criando uma poderosa força militar.
Em 1848 a Dieta de Frankfurt, espécie de parlamento federal propôs a unificação política de todos os territórios não austríacos mas o imperador da Prússia desejava uma união mais centralizada.

   A partir de 1862 iniciou-se o movimento de unificação com recurso às armas sob inspiração do primeiro ministro de Guilherme I da Prússia, Otto Von Bismarck. Por alturas da Guerra dos Ducados terminada em 1865  a Áustria ficou a administrar o ducado de Schleswig e a Prússia com o de Holstein. A Prússia alegou ter a Áustria a ambição de governar sobre os ducados e entrou em guerra com aquele império conseguindo em 1866 pela paz de Praga a expulsão da Áustria da Confederação Germânica formando-se a Confederação da Alemanha do Norte em 1867 constituída por 21 estados. A guerra com a França permitiu à Alemanha adicionar mais alguns territórios à custa dos rivais latinos.

   A sucessão do trono de Espanha ficou em aberto depois da expulsão do poder da rainha Isabel II perfilando-se como candidato Leopoldo de Hohenzollern casado com D. Antónia de Portugal mas aquele sendo primo do imperador prussiano, enfrentou a oposição da França que receava a supremacia da Alemanha na Europa. O imperador alemão interveio para retirar a candidatura do príncipe mas os franceses exigiram mais garantias que os prussianos não concederam iniciando-se a guerra Franco Prussiana com a invasão da França.
Travaram-se as batalhas de Sedan e Metz sendo presos 90 000 soldados franceses e o imperador. Conhecida a derrota os parisienses proclamaram a 3ª Republica e a França perdeu os territórios católicos da Alsácia Lorena com o Tratado de Paris de 1871. 



   A unificação alemã transformou este país numa forte potência europeia. A União Alfandegária (Zollverein) entre todos os estados alemães, embora lenta foi o fundamento da unidade alemã e da sua força industrial. Os últimos territórios a aderir à união aduaneira foram as cidades de Hamburgo e Bremen, em 1888.

   Entretanto a produção industrial em grande crescimento foi impulsionada pelas numerosas guerras e conflitos em que a Prússia se tinha envolvido resultando daí um potencial bélico que igualava no final do século XIX as duas outras grandes potências europeias, França e Inglaterra. Acompanhando esta afirmação económica e industrial as pretensões expansionistas do Império Alemão afirmaram-se com a conivência de outras potências vizinhas. Assim, cerca de 1880 o imperador Guilherme da Alemanha convocou uma grande conferência internacional, a Conferência de Berlim que agrupava todas as potências coloniais da época e tendo como objectivo a partilha da África orientada pelo principio da ocupação efectiva dos territórios coloniais. Procurava-se assim assegurar o fornecimento de matérias primas fundamental à expansão da indústria europeia conquistando mercados e demarcando territórios.

   A par da diplomacia, a Alemanha equipou o seu exército e marinha com o equipamento mais moderno firmando ao mesmo tempo acordos e tratados políticos e militares dos quais se destaca a Triplice Aliança com a Austro-Hungria e  a Itália. Este acordo estabelecido em 1882 foi o passo decisivo duma afirmação hegemónica que a Inglaterra e a França, como potências coloniais de primeira importância, não podiam ignorar levando estas com o apoio do Império czarista da Rússia, a firmar entre si a Triple Entente concluida em 1907.

   Duma Paz Armada que opunha os dois blocos  o mundo passou rapidamente para o confronto bélico a partir de 1914, a 1ª Grande Guerra, conflito que durou seis anos e que se iniciou com um avanço súbito e poderoso da Alemanha contra a França no sentido de ocupar Paris que os alemães consideravam manter uma política contrária aos seus interesses e que em diversas ocasiões ao longo dos quarenta anos anteriores mantivera com os germânicos frequentes disputas políticas e territoriais e que era considerada na época uma nação apoiante dos perigosos ideais de secessão que ameaçavam os Impérios Centrais (Alemanha e Austro-Hungria).

   A vitória na 1ª Grande Guerra acabou no entanto por ficar nas mãos dos aliados da Europa Ocidental, Inglaterra, França e países aliados de entre os quais se destacaram os E.U.A. cujos exércitos, nos últimos meses do conflito apoiaram nas trincheiras o esforço de guerra francês detendo com sucesso aos ultimas avanços do exército germânico.

   A capitulação alemã aconteceu em 11 de Novembro de 1918 dando lugar no principio de 1919 à Conferência de Paz realizada em Paris com a presença dos delegados das várias nações intervenientes. Ao mesmo tempo a Alemanha mergulhava no caos social e económico provocado por revoltas comunistas e extremistas em várias cidades alemãs, factos que exigiram a intervenção no seu território dos exércitos aliados impondo a ordem e instaurando um regime de democracia parlamentar.